Morrer não foi muito
difícil. Um segundo de desatenção no trânsito e um carro cortou o caminho da
minha moto. A queda me custou alguns ossos quebrados. Nada de novo para um
motoqueiro experiente, mas, sendo uma via movimentada, em segundos minha cabeça
foi esmagada por um caminhão. Um fim esperado para alguém acostumado a uma vida
de dificuldades.
Minha família não era
especialmente pobre quando eu nasci. Meu pai tinha um emprego razoável e deu
conta de colocar dois dos meus irmãos na faculdade. Quando eu tinha uns dez
anos, no entanto, minha mãe descobriu que ele a estava traindo e o colocou para
fora de casa. A partir daí, as coisas ficaram muito mais difíceis.